quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Queda do diploma X Qualidade do jornalismo em MT


Quando alguma empresa inicia a procura por candidatos para o preenchimento de vagas disponíveis, a mão de obra qualificada deveria ser o diferencial do profissional, correto? Se você respondeu que sim está enganado, ao menos em relação à profissão de jornalista, na visão dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

No dia 17 de junho de 2009, o STF após votação em Brasília, decidiu que o jornalista não necessariamente precisaria do diploma para trabalhar nessa área da comunicação. Segundo Gilmar Mendes, presidente do Supremo, o jornalismo trata-se de uma profissão diferenciada, que tem vinculação com o exercício amplo das liberdades de expressão e de informação. Portanto, exigir o diploma de quem exerce jornalismo é contra a Constituição Federal, que garante essas liberdades.

Mas afinal de contas, o que a necessidade do diploma impede às pessoas de se expressarem? Não existe nenhum outro canal de comunicação além da imprensa? Mídias sociais, blogs e fóruns possuem qual função? Argumentação simplista, não?

A não exigência do diploma atinge diretamente o nível de qualidade do jornalismo ao enfraquecer a categoria. Se após quatro anos de estudos, os erros cometidos por trabalhadores formados, às vezes incidem em conseqüências perigosas, como cobrar de alguém que não foi preparado para trabalhar em determinada área?

As liberdades de expressão e de informação não se restringem às funções do jornalista, o compromisso e a responsabilidade social inerentes à profissão é que são fundamentais e caracterizam o seu papel diante da sociedade.

O jornalista tem o dever de informar à sociedade, mas antes de publicar qualquer material, ele deve checar as fontes, investigar a informação e construir a notícia de acordo com a veracidade dos fatos. Todo esse processo de construção do conhecimento é adquirido na faculdade, não quando alguém possui uma informação.

Nesse cenário, analisamos os efeitos da não obrigatoriedade do diploma, na qualidade da prestação de serviço dos jornalistas em Mato Grosso. Após pesquisa nos principais veículos de comunicação, o que pode se notar é a resistência à abertura do exercício da profissão.

Todas as principais empresas de comunicação da capital, ainda dão prioridade aos profissionais formados em jornalismo. TVs, rádios, sites, revistas e jornais preferem contratar colaboradores que já possuam experiência ou qualificação em sua área. O que de certa forma, corresponde à lógica do mercado de trabalho.

A qualidade do jornalismo em Mato Grosso já é muito aquém do ideal, se as empresas contratarem pessoas que não possuam nenhum tipo de preparo, o resultado será alarmante. Segundo Daniele Cunha, jornalista da Secretaria de Comunicação de Mato Grosso, SECOM MT, essa é uma tendência natural do mercado, se por lei não existe a obrigatoriedade, as empresas devem fazer esse afunilamento exigindo que os profissionais se qualifiquem, cada vez mais. Quanto mais qualificação, melhor será o profissional e o resultado que ele dará a quem o contrata.

Por enquanto Mato Grosso não teve prejuízo com a queda do diploma, o mercado carente de profissionais competentes acaba por absorver em grande maioria os recém formados, possibilitando o crescimento da área no estado.

Mato Grosso dá um bom exemplo a todo Brasil, contratando apenas pessoas capacitadas e com diploma, o que é o mais importante. A legitimidade das faculdades não pode ser afetada, quem deseja ser jornalista deve sim cursar comunicação social. Qualificar-se. O jornalismo agradece...

Por Marco Cappelletti

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