Após a queda da obrigatoriedade do diploma de Jornalismo, muitos acreditam que vivência acadêmica faz a diferença no mercado de trabalho.
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Frustrados. Foi desta forma que os alunos dos cursos de Jornalismo no Brasil - e profissionais graduados - receberam a notícia sobre a não-obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Votada em junho de 2009, a decisão do Supremo Tribunal Federal declarou que as funções jornalísticas, podem ser desempenhadas por pessoas que não possuem formação de nível superior. Mais de dois anos se passaram e os hematomas são visíveis.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor-MT), Téo Meneses , os estudantes e profissionais precisam compreender a importância do conhecimento adquirido na faculdade. “Ser jornalista é uma profissão como todas as outras e todos precisam ter a experiência de uma faculdade. Infelizmente a queda do diploma levou certo desinteresse por muitos estudantes, mas acredito que este quadro pode ser revertido em 2012", explica.
Experiência e qualificação são um dos requisitos primordiais na hora da contratação do profissional. Para Téo Menezes, é neste ponto que os alunos diplomados podem levar vantagem. "O mercado de trabalho precisa de pessoas qualificadas, e a faculdade faz um diferencial no aprendizado para estes alunos", ressalta.
Efeito Colateral
No Instituto Várzeagrandense de Ensino - IVE, o reflexo da decisão foi perceptível. A instituição que oferece o curso de jornalismo há mais de 15 anos, apresentou uma desistência de alunos matriculados de quase 80%. A defasagem foi tanta que no inicio de 2011, a coordenação da faculdade teve que transferir uma turma para outra instituição- pelo pouco número de alunos - além de unir as duas turmas restantes para evitar um prejuízo ainda maior. "A queda do diploma deixou muitos alunos desmotivados. O resultado disso foi um grande número de alunos desistindo e a baixa procura de matrículas", explica Juracilma Xavier, diretora financeira do IVE.
Para o estudante de comunicação da Universidade de Cuiabá, Junior Martins, a queda do diploma não teve nenhuma influência no seu ponto de vista. "Não desisti do curso por causa da queda do diploma. Acredito que quem deseja ser realmente jornalista deve ter consciência de que passar por uma faculdade é primordial para um bom de desempenho na carreira", disse o estudante. Junior que está no quarto semestre de jornalismo na Unic, revela que na sua turma houve um aumento considerável de desistente. "Começamos o primeiro ano com 55 alunos, hoje temos apenas 10", conta.
A jornalista Luzimar Collares, também tem a mesma opinião do estudante, sobre a necessidade de freqüentar a sala de aula. Apesar de ter iniciado a carreira na TV Centro América, quando ainda quando era estudante, diz que a vivência acadêmica é importante para o futuro do profissional. "Tem que ter teoria sim. Sei que a prática é essencial para você saber como funciona, mas sem teoria a pessoa fica vazia", ressalta a jornalista.
Mesmo diante das incertezas que cercam a discussão sobre o diploma, muitos profissionais formados, dizem que a categoria deve continuar lutando pelo que acreditam. “As pessoas devem ouvir seus corações, suas convicções e seus sentimentos. Devem continuar investindo, porque estudar nunca fez mal a ninguém. Elas devem investir em seu potencial, se acham realmente que têm vocação para atuar na profissão e ir à luta”, incentiva Viviane Saggin, jornalista graduada pela UFMT.
Por Amanda Aquino, estudante de jornalismo do IVE.