quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Jornalistas divergem sobre obrigatoriedade do diploma

Desde 2009, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o diploma de jornalismo não fosse mais obrigatório para o exercício da profissão que a polêmica em torno do tema se arrasta. Afinal, a formação acadêmica é mesmo necessária? Vale mais o direito de expressão?

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Para a profissional Laura Lucena, que trabalha como Jornalista desde 1977 e não cursou uma faculdade, o diploma não garante qualidade. Ela vai ainda mais longe e afirma que as faculdades de comunicação social vieram para desmoralizar os verdadeiros trabalhadores da imprensa. “Formaram um monte de gente sem a mínima capacidade. Não há mais talentos natos, mas sim, máquinas de produção em massa. Sou profissional, tenho registro, ocupei cargos de chefia em grandes veículos, sou escritora e tenho uma história em Mato Grosso”, frisa.


Contudo, Laura Lucena revela que mesmo após a decisão do STF sentiu dificuldades para ser contratada em algumas empresas. “Certa vez fui fazer um teste na Federação das Indústrias e quando falei que não tinha diploma eles não aceitaram. Mas como gostaram do meu texto me ofereceram um salário mais baixo. Não aceitei”, relembra. A profissional aponta que já está dando andamento num curso superior para trocar definitivamente de esfera. “Faço Sociologia na UFMT e vou deixar o jornalismo, que está tão desvalorizado, cheio de pseudojornalistas que não sabem escrever”, esbraveja Laura, se referindo a Universidade Federal de Mato Grosso.

No entanto, a jornalista Sissy Cambuim, garante que é necessário exigir uma formação escolar para regular a profissão. Para ela, o diploma não é sinônimo de competência ou talento, mas a formação sim, faria toda a diferença. Ela pontua que os leigos não sabem necessariamente os limites da liberdade de expressão. “Ninguém nasce sabendo, por analogia, que ao expressar sua opinião para o grande público é importante ouvir os dois lados”. Podemos ver isso no caso dos articulistas, que meramente expressam suas opiniões, ainda que dentro de um padrão jornalístico.

Sissy cita como exemplo o meio político, que segundo ela, há cargos comissionados que são exercidos por pessoas sem qualquer preparo e com o objetivo de disseminar falsas ideias. “Quando falamos do poder público, há o perigo de ferir gravemente o interesse social. Quem assegura que, inclusive esses profissionais em cargos comissionados, apadrinhados políticos, não manipulem informações?”, questiona.

Após todo desgaste, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Emenda à constituição (PEC) 386, que tem como objetivo tornar obrigatório o diploma de jornalismo para o exercício da profissão. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também apoiam a exigência da escolaridade superior para o exercício da profissão. A redação tentou contato com o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso (Sindjor) Téo Menezes mas não obteve êxito até o fechamento desta matéria.

Clique nos links abaixo e veja a divergência de posicionamentos entre a categoria.


Por Ana Adélia Jácomo


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