quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ARTIGO: A educação na era digital


Não posso falar no tema proposto no título deste artigo, sem me lembrar da minha própria experiência nos tempos da educação média. Os livros didáticos eram compêndios de geografia, de história do Brasil, de história geral, de matemática, de física, de química, de literatura entre tantos.

Aprendi muito sobre os rios do mundo, o mais longo, o mais caudaloso, etc. Aprendi muito sobre a Europa medieval, sem ter a mínima noção de onde ficavam aqueles reinos e países. Aprendi equação do segundo grau, raiz quadrada, raiz cúbica, logaritmo, aprendi ótica, eletricidade, cinemática, estática e tantas disciplinas que nunca mais vi e nem revi ao longo da minha vida.

Não quero que entenda esse relato como um gesto de anarquia que elimine qualquer valor pelo que aprendi. Na verdade, quero falar é do futuro. Gastei a melhor parte da minha infância e da adolescência estudando coisas que nunca usaria no sentido prático durante a vida futura.

Os jovens de hoje se recusam a mergulhar de cabeça em livros que não lhes dêem garantias que serão objetivamente úteis em suas vidas. Estão certos!

Fico imaginando como teria sido menos tensa a vida dos jovens da minha geração das gerações anteriores que se afundaram naqueles livros do passado. Nós certamente teríamos aprendido mais sobre esportes e mais sobre socialização, uma área em que saímos crus da escola. Teríamos aprendido mais música, mais filosofia e mais empreendedorismo, outras áreas em que também saímos crus da escola, apesar de sabermos que o rio Nilo é o mais longo do mundo.

Quando vi o Google, me encantei com o seu mecanismo de busca e a simplicidade de achar qualquer coisa de qualquer coisa. A partir daí, foi inevitável imaginar a educação concentrada numa ferramenta especializada como o Google. A educação regional seria padronizada dentro de uma formatação completa e complexa, capaz de atender às demandas existentes. O aluno seria alfabetizado na leitura e no uso das ferramentas de pesquisa.

A didática usaria essas ferramentas dentro do currículo disciplinar, de modo que o aluno seria estimulado a ler aquilo que fosse necessário. Se o tema fosse literatura e o escritor Machado de Assis, seu perfil, suas obras e alguns de seus livros seriam estudados via a busca digital. Lido e usado, seria deixado lá.

O mesmo se aplicaria às demais disciplinas. Mas como ocupar o tempo ocioso dos alunos? Simples. Entrariam no lugar do rio mais longo do mundo, ensino prático de vida que a escola não contempla e tampouco as famílias, como cidadania, como dirigir automóveis com cidadania, como coletar e lidar com o lixo, como conservar e respeitar os recursos naturais, como empreender negócios, a prática do esporte como ferramenta para o trabalho em equipe, a espiritualidade, filosofia, etc.

A escola teria suas duas faces preenchidas: a do ensino e da educação. Vejo com muito mais atenção a educação. Ensino cuidaria das técnicas, mas a educação construiria o cidadão completo. Aliás, revendo a distância da minha infância até os dias de agora, vejo a que a educação foi mais importante do que o ensino que recebi.

Concluo este artigo questionando quando será que teremos a educação como ferramenta mais importante do que o simples ensino que informa crianças e jovens, mas não forma cidadãos que o mundo requer. Um cidadão alfabetizado e consciente vale muito mais do que as estatísticas que não educam ninguém.

Por Lis Ramalho

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